sábado, 18 de outubro de 2014

Desmisticolesterolizando

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      "O grande inimigo da verdade não é muito frequentemente a mentira (deliberada, controvertida e desonesta), mas o mito – persistente, persuasivo, e não realista. (John F. Kennedy).

O dicionário Aurélio define mito como “Ideia falsa que distorce a realidade e não corresponde a ela”. A história é atravessada por uma série de mitos que fazem parte do imaginário humano, usados para explicar fatos e até para provocar medo frente ao desconhecido, saciar a sede do homem na busca por respostas, e portanto é tomada por verdade, até que haja a desmistificação baseada em algum fundamento prático. As doenças acompanham o homem desde o sempre e assim se buscou a causa dos males nas mais diferentes teorias que vão de um extremo a outro.
Até hoje com todo o desenvolvimento cientifico, as pessoas por escassez de informação tendem a mistificar assuntos que deveriam ser de explicação simples, uma das mais debatidas ideias se debruçam sobre o colesterol, que pelo consenso da massa, é a causa de muitas doenças do sistema vascular e tem relação direta a obesidade, sendo assim visto pela grande maioria como um verdadeiro vilão, a mídia insiste em afirmar essa ideia sem dar a possibilidade de discernimento ao espectador leigo, um dos assuntos mais debatidos atualmente se dar sobre o HDL (High Density Lipoprotein) e o LDL (Low Density Lipoprotein), vulgarmente conhecidos por colesterol bom e colesterol ruim.
Essa postagem será dividida em duas partes, a primeira será para esclarecer o que é o colesterol e sua função no organismo, a segunda será a abordagem clinica a respeito dos seus efeitos.
Muito se fala sobre o colesterol, mas será que todos sabem o que ele significa?
Colesterol é um composto químico da família do álcool, com aparência e textura de uma cera macia que é muito importante para o organismo humano porque ele participa na síntese da membrana celular, na produção da vitamina D e dos hormônios sexuais feminino e masculino, que são respectivamente o estradiol e a testosterona, que também são esteroides, parte é sintetizada no fígado e instestino, e o restante é obtido a a partir da alimentação, o colesterol é lipossolúvel e portanto para chegar até os tecidos  precisa se ligar a outras substancias formando partículas maiores, chamadas lipoproteínas O colesterol é insolúvel em água e ele precisa ser transportado de um tecido para o outro por meio do sangue, que é aquoso. Assim, ele é convertido em lipoproteína , que são estruturas esféricas que comportam em seu centro substâncias hidrofóbicas, que não se solubilizam em água, como o colesterol e outros lipídios. Essas moléculas ficam cercadas por proteínas, que são hidrofílicas, isto é, possuem afinidade com água e se dissolvem nela. As mais importantes lipoproteínas são o VLDL (também conhecidas como triglicérides), LDL (mau colesterol) e HDL (bom colesterol). O fígado acondiciona os triglicérides na forma de VLDL e os despacha, pela corrente sanguínea para as células, juntamente com menores quantidades de colesterol e proteínas, é então que as células armazenam e utilizam essa quantidade de gorduras como "combustível". Tanto as taxas de colesterol muito altas quanto as muito baixas são perigosas à saúde. O colesterol




LDL (lipoproteínas de baixa densidade)

Sua densidade pode variar de 1,006 a 1,063 g/mL. Possui 8% de massa livre de colesterol e 70% do colesterol em nosso organismo aparece nessa forma de proteína O LDL transporta o colesterol do fígado para abastecer o restante do organismo, e é o mais importante carreador de colesterol no sangue. Costuma ser denominado “mau colesterol” porque seu excesso no sangue associa-se a doença das artérias coronárias. A LDL lipoproteína deposita o excesso de colesterol na parede das artérias provocando a formação de placas gordurosas que estreitam os vasos e podem impedir a circulação do sangue. Estas placas de aterosclerose podem localizar-se nas artérias que nutrem o coração, as coronárias, dificultando a circulação do sangue e podendo levar à isquemia do músculo cardíaco, ou seja, ao sofrimento do coração por falta de sangue e oxigenação adequada. A isquemia pode provocar dor no peito (angina) e um coágulo formado na região da placa pode, por fim, bloquear completamente a passagem do sangue, provocando o infarto.

HDL (lipoproteína de alta densidade)

Sua densidade se situa entre 1,063 e 1,210 g/mL, além de possuir apenas 2% de colesterol livre em massa. Da quantidade total de colesterol que há em nosso organismo, somente 30% aparece nessa forma de proteína as HDL lipoproteínas, ou “bom colesterol” remove o colesterol da parede das artérias, devolvendo-o ao fígado para ser excretado. O fumo baixa os níveis de HDL, enquanto o exercício físico aumenta.

Triglicérides

Os triglicerídeos são a principal gordura originária da alimentação, mas podem ser sintetizados pelo organismo

        O colesterol pode ser sintetizado por nosso organismo, principalmente no fígado e intestinos, ou ingeridos. Quanto mais colesterol é consumido, menos colesterol será sintetizado, e vice-versa. Pelo fato de o colesterol constituir as membranas celulares de células animais, o colesterol pode ser encontrado em alimentos que tenham essa origem, tais como ovo, bacon (toucinho defumado), carne vermelha, nata, manteiga e laticínios no geral.
 As chamadas dietas ricas em gorduras saturadas, que são principalmente encontradas nos alimentos de origem animal, têm a propriedade de aumentar o colesterol. A maioria dos óleos vegetais, exceção feita à gordura de coco e óleo de cacau, é rica em gorduras insaturadas e não eleva o colesterol. Os óleos de oliva e canola são ricos em gorduras monoinsaturadas e podem até mesmo ter um efeito protetor contra a aterosclerose coronariana.

A biossíntese do colesterol é a seguinte:

Além de ser ingerido na dieta, o colesterol pode ser sintetizado pelos tecidos humanos.
O colesterol é sintetizado a partir de acetil CoA (que pode ser derivado de hidratos de carbono, de aminoácidos ou de ácidos gordos). O fígado é o principal local de síntese do colesterol, mas também pode ser sintetizado no intestino ou em glândulas que produzem hormonas esteróides (córtex adrenal, os testículos e os ovários, por exemplo). Todas as reações biossintéticas ocorrem no compartimento citoplasmático das células, mas algumas das enzimas necessárias estão  ligadas às membranas do retículo endoplasmático.
A síntese endógena do colesterol – envolve mais de 30 reações enzimáticas – podendo dividir-se em 3 etapas fundamentais:



1.      Formação do Mevalonato;
 Nesta primeira fase, 3 moléculas de acetil CoA são condensadas a HMG-CoA

2.      Formação do Ácido Mevalónico;
O HMG-CoA, é em seguida, reduzido em ácido mevalónico, pela redutase da HMG-CoA.
3.      Formação do Colesterol;
Posteriormente, o mevalonato é transformado, após sucessivas condensações, em esqualeno, dando-se finalmente, a ciclização deste composto em colesterol.


Na próxima postagem trataremos sobre os aspectos clínicos, e a influência direta do colesterol em doenças do sistema cardiovascular.

Referências:

http://www.ff.up.pt/monografias_toxicologia/monografias/ano0405/estatinas/sintese_colesterol1.htm

7 comentários:

  1. Muitas pessoas têm um certo preconceito com o colestrol, pois este está popularmente associado à obesidade e ao sedentarismo, ou seja, à falta de saúde. Mas, o que essas muitas pessoas não sabem são as muitas funções e benefícios do colesterol.
    Bom, o colesterol é um lipídio esteroide derivado do anel ciclopentanoperidrofenantreno. É importante na constituição da estrutura da membrana biológica, é, também, precursor da vitamina D, vitamina importante na saúde óssea. Como dito na postagem, está ligado ao transporte de gordura sob forma de lipoproteínas, estas, como o nome diz, são associações de lipídios e proteínas, e podem ser de cinco tipos: as três citadas no texto VLDL, HDL, LDL e a IDL (lipoproteína de densidade intermediária) e os quilomícrons.
    Diante de todas as benesses trazidas pelo mistificado e estereotipado colesterol, percebe-se que ele é injustiçado, mas o LDL não pode ser muito mais concentrado que o HDL no sangue para que os mitos não se confirmem.

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  2. A informação é a chave para a resolução de quase todos os nossos problemas, nosso organismo tem um modelo de funcionamento bastante completo, mas que pode ser simplificado na medida do possível é aí que o conhecimento ou a falta dele pode ser crucial para surgimento dos mitos. As doenças cardiovasculares juntamente com a obesidade fazem uma associação direta com a ideia de acúmulo de gordura, talvez daí venha o mito dos malefícios do colesterol, mas como foi apresentado, não é o colesterol o vilão e sim a sua concentração no organismo. A ineficiência de transporte do colesterol pelo sangue devido ao seu caráter hidrofóbico é o que faz com que surjam as lipoproteínas: VLDL, LDL e HDL, essas substâncias conjugadas são de extrema importância para as nossas funções vitais, mas para isso é preciso que estejam em concentrações adequadas. O LDL que é conhecido como “mau” aparece como a principal lipoproteína transportadora de colesterol, o problema é que seu excesso ocasiona a formação das placas de ateroma que obstrui as paredes da artéria. O importante mesmo é buscar sempre as informações adequadas sobre aquilo que desconhecemos, como isso, estaremos mais preparados para driblar as adversidades da vida.

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  3. Aprofundando o seu explícito bioquímico, fica evidente a sua tentativa de relacionar a ingestão de alimentos gordurosos ou oleosos ao aumento das taxas de colesterol, que serão detectadas após um exame de sangue solicitado pelo médico do PSF.
    Após a constatação, o paciente é enquadrado como portador de doença crônica, e potencial hipertenso, tendo acompanhamento rotineiro de suas taxas e sua medicação diária garantidos pelo SUS; sendo esta medicação um genérico que pode ser recebido na farmácia do posto ou ainda, comprado por preço popular.
    O problema da obesidade no país, bem como dos quadros de dislipidemia têm sido avaliados e acompanhados pelo Ministério da Saúde e caracterizados como de atenção básica, prevenindo o paciente de progredir negativamente o seu caso, além de lhe propiciar promoção de saúde por meio das academias ao ar livre, por exemplo, tendo parceria com outros setores do governo e do ramo privado.
    Bioquimicamente falando, uma das dificuldades de se reduzir as taxas de obesidade é a falta de fidelidade dos pacientes com suas respectivas dietas nutricionais, o que lhe propicia, muitas vezes, um acúmulo exagerado de lipídeos, de colesterol inclusive.
    Para que esse colesterol seja transportado, faz-se necessária uma associação com proteínas, que irá garantir a passagem por receptores de membrana, regulando o metabolismo dos lipídeos no plasma. Dentre as lipoproteínas, destacam-se o LDL, o HDL e o VLDL (de baixa, alta e muito baixa densidade, respectivamente), e que garantirão esse deslocamento lipídico para o seu metabolismo no fígado, ou ainda para o sangue.
    Mas uma atenção especial deve ser dada à diferença entre gorduras e óleos, ambos triglicerídeos, mas de diferenças bioquímicas fundamentais. O óleo tem origem vegetal, e possui cadeia de ácidos graxos insaturados, sendo portanto, líquido. A esse caráter atribuímos a eficácia do isolamento térmico e sobrevivência de animais do gelo, que por conta de seu baixo ponto de fusão, lhe é garantido resistir ao frio sem que sua células congelem e fiquem funcionalmente desprezíveis. Enquanto que as gorduras são sólidas, de origem animal e compostas por ácidos graxos saturados.
    Para tanto, é necessário entender que alimentos dever ter preferência nas dietas, e nisso entra a importância de se reconhecer a bioquímica como a ciência que une os processos biomoleculares às expressões clínicas da atenção básica, por exemplo.
    Evitando-se o consumo desregrado de colesterol é possível barrar o aumento de sua concentração em excesso no organismo. Mas para isso, é necessário que o médico do PSF (protagonista da relação médico-paciente) expresse que além da doença, suas causas, sintomas e medicamentos, é necessário que o paciente tenha uma dieta balanceada, explicitando o que deve e o que não deve comer em excesso.

    REFERÊNCIAS

    MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica Básica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

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  4. Os animais que causam mais mortes de seres humanos talvez não sejam ferozes predadores ou parasitas, mas aqueles dos quais nos alimentamos.
    Os primeiros dados sobre colesterol foram descobertos há cerca de cem anos, quando gema de ovo foi adicionada à dieta de coelhos, resultando em uma maior mortalidade por problemas cardiovasculares.
    Houve um grande período para realização de pesquisas e pode-se descobrir muito sobre o colesterol. Mas recusamos trocar nossa vida sedentária e dieta inconsequente por uma redução do problema da obesidade.
    Como foi citado no post, não podemos viver sem o colesterol. É usado na produção de vitamina D e de hormônios sexuais, além de outras funções. Precisamos de mais informações e autocontrole para uma vida saudável.

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  5. Dado divulgado recentemente pela Sociedade Brasileira de Cardiologia é o de que 40% da população, algo estimado em mais de 4 milhões de brasileiros, têm colesterol elevado, ou seja, a cada 5 indivíduos, 2 possuem colesterol alto!!
    E quais as consequências para a sociedade: TRÁGICO!
    Conforme destacado na postagem, o colesterol é indispensável nas membranas celulares, na produção de vitamina D e hormônios sexuais, mas e porque não é bom tudo isso em excesso? Simplesmente pelo fato de que o organismo tenta manter um equilíbrio de todas as substâncias e compostos, o que conhecemos como homeostase, e sendo assim o excesso de colesterol pode causar um estreitamento de artérias, podendo desencadear complicações cardiovasculares.
    Outra notícia importante é que durante o congresso da Associação Americana de Cardiologia, nos Estados Unidos (30/03/14), estudos indicam que uma injeção de inibidores de PSCK9 poderá ser uma nova opção para combater o colesterol elevado.
    Inibidores de PSCK9 é uma categoria de combatentes do colesterol composta por anticorpos monoclonais, criados pela engenharia genética. O mecanismo de ação consiste em inibir a PSCK9 que é uma proteína que participa do metabolismo das gorduras no sangue e prejudica a capacidade do fígado de eliminar o LDL, assim, quando este medicamento age, ele permite que o fígado elimine o LDL normalmente, e não gere repercussões cardiovasculares patológicas.
    É importante salientar que mais uma vez a indústria farmacêutica se aproveita de uma patologia para barganhar sobre um sociedade fragilizada e imediatista. Compete também ao papel do estado, sobretudo aos gestores de saúde, um incentivo e maior incremento na Saúde Pública de Políticas e/ou Planos focados na prevenção e promoção de saúde, em especial, na prática de atividades físicas acompanhadas, que trazem inúmeros benefícios ao indivíduo.
    Não reconhecendo o papel e empenho da Equipe Multiprofissional e Multidisciplinar que atuam nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, mas ainda sim, é necessário um volume bem maior esforços que consigam a adesão do indivíduo à práticas saudáveis, desde a alimentação até atividades físicas.

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  6. De fato, o colesterol tem sido associado apenas a problemas e doenças pela população menos informada. Mas como mostrado no texto, existem diferentes tipos do mesmo e todos eles têm sua função. O LDL, conhecido erroneamente como colesterol ruim, faz a carreação do colesterol do fígado para o restante do corpo. O HDL, conhecido como colesterol bom, remove o colesterol da parede das artérias e leva de volta ao figado. Os triglicerides são moléculas distintas do colesterol, mas que participam do mesmo processo. É necessário que haja uma ingestão balanceada e de acordo com a dieta necessária a cada um, que deve ser definida por médico ou nutricionista. É importante lembrar, entretanto, que o excesso de colesterol circulando no sangue, ou seja, os altos níveis de LDL, pode prejudicar o organismo. Isso, porque estes níveis causam várias doenças como a aterosclerose, que é a deposição de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos. Essa pode desencandear outras doenças ainda mais graves como a angina instável e o infarto do miocárdio. É necessário o acompanhamento do paciente com obesidade, para que esses problemas decorrentes do alto nível de colesterol no sangue sejam controlados e evitados.

    Referências:
    http://www.minhavida.com.br/saude/temas/colesterol
    http://www.minhavida.com.br/saude/materias/1513-entenda-a-aterosclerose

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  7. Postagem extremamente esclarecedora quanto a importância do colesterol no bom funcionamento do corpo. Porém deve-se sempre ter o cuidado de manter uma dieta equilibrada para se ter colesterol na quantidade certa necessária.
    Como foi falado no texto, o excesso de colesterol no sangue denominado dislipidemias, especialmente o colesterol "ruim" (LDL), pode causar arteriosclerose, angina pectoris, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência vascular periférica, entre outros.
    Porém a falta dele compromete a produção de hormônios sexuais, a composição das membranas celulares e a síntese de vitamina D. Uma situação preocupante e comum atualmente é o uso de bloqueadores de lipídios com a intenção de perder peso. O uso de medicamentos dessa natureza é perigoso pois o corpo deixa de absorver os lipídios e, com ele, as vitaminas lipossolúveis e o colesterol.
    Acredito que novas leis devem ser criadas para restringir a venda de medicamentos dessa natureza, alertando a população da ação dessas drogas "milagrosas" para o emagrecimento e seus malefícios.

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